Devocionais
“Cuidar do meu próximo”
A prestação de cuidados à pessoa, à família e à comunidade, ao longo do seu ciclo de vida, de forma a promover o melhor contributo na obtenção de ganhos em saúde é, sem dúvida, o objetivo da profissão de enfermagem. Trata-se de uma profissão especializada, que se caracteriza, em boa parte, pelo saber fazer, convergindo sempre para o apoio ao ser humano, no sentido de o ajudar a superar as suas limitações e de o incentivar ao autocuidado e à autonomia.
O enfermeiro distingue-se pela formação e experiência, que lhe permite compreender e respeitar os outros numa dimensão multicultural, procurando abster-se de juízos de valor relativamente à pessoa que necessita dos cuidados de enfermagem.

Preocupa-se, constantemente, que os cuidados prestados sejam de excelência, assumindo os procedimentos um papel fundamental na garantia da melhoria contínua da qualidade dos cuidados de saúde.
O cuidar do outro (próximo) deverá ser uma preocupação constante, no sentido de influenciar positivamente as atitudes, que conduzem à qualidade dos cuidados que estão ao dispor de todas as pessoas.
Quando nos referimos às pessoas a quem prestamos cuidados, essas são o “nosso próximo” e é delas que devemos cuidar.
Podemos dizer que o enfermeiro(a) é gente que cuida de gente, que promove a saúde, que vai para além do tratamento de feridas, do cuidar em situação de doença. Ele promove o encontro com a saúde, com o autocuidado e com as escolhas de cada um, que conduzem ao bem-estar humano.
É nesta perspetiva que o ser humano deve agir para com o seu próximo.
A Bíblia refere em Isaías 61:1, que fomos enviados para cuidar dos que estão com o coração quebrantado.
Então, tal como os enfermeiros cuidam das pessoas de forma a promover a sua saúde, devemos cuidar uns dos outros, principalmente dos que nos são próximos, a nossa família, como podemos ler em 1 Timóteo 5:8 (…) se alguém não tem cuidado dos seus, e principalmente dos da sua família, nega a fé em Cristo Jesus.
Acreditar em Jesus é algo que necessitamos de buscar diariamente. Jesus é compassivo. Ao ignorarmos as dificuldades da vida dos outros e o sofrimento das pessoas, vivendo com indiferença e focados apenas nos nossos interesses… revela que não estamos preocupados com o bem estar do nosso próximo. Exemplo disso mesmo é um relato muito conhecido por toda a sociedade, que a Bíblia descreve em Lucas 10: 25 a 37 – a Parábola do Bom Samaritano em que um homem foi maltratado e ferido por criminosos que o deixaram caído à beira do caminho num sofrimento agonizante. Ele necessitava de ajuda. Depois de várias pessoas que por ali passaram e o viram, não lhe prestando auxílio ele continuou moribundo. Mas alguém, movido de íntima compaixão, cuidou dele e providenciou a continuidade dos cuidados até que ficasse totalmente restabelecido.
É assim que Deus faz com cada um de nós. Move-se de íntima compaixão e restaura as nossas vidas, proporcionando-nos um bem-estar difícil de descrever.
Nos momentos de dificuldade nas nossas vidas, sejam de que ordem for, Deus está pronto e equipado com todos os instrumentos para sarar as nossas feridas, mágoas, tristezas, aflições… e proporcionar transformação tal em cada um de nós que nos deixe serenos, consolados e confortados por Ele. A tranquilidade que nos invade estimula-nos a cumprir um dos mandamentos que Deus nos deixou na sua palavra: Amarás o teu próximo como a ti mesmo.
Amar o próximo é uma forma de compromisso que assumimos com o bemestar do outro. Então amar é cuidar. Trata-se de uma das atitudes mais nobres que o ser humano pode ter. É proporcionar conforto e consolo aos outros, muitas das vezes abdicando do nosso próprio bem-estar.
Em Isaías 40:1 Deus disse: Consolai o meu povo.
E em 2 Coríntios 1:4 podemos ler: Que nos consola em toda a nossa tribulação, para que também possamos consolar os que estiverem em alguma tribulação, com a consolação com que nós mesmos somos consolados por Deus.
Deste modo podemos afirmar que consolo e conforto são formas de cuidar. Mas o cuidar implica consentimento mútuo entre o que cuida e o que é cuidado. Exige respeito pela vontade do outro. Deus respeita a nossa vontade.
Amar e cuidar do próximo não é apenas dizer que temos respeito pela vida humana, não é apenas pensarmos que já fizemos a nossa parte e que está tudo bem.
Ainda hoje é de extremo interesse falar sobre a importância de respeitar a vontade do próximo, a vontade entre os seres humanos, para se viver em sociedade. Embora aparentemente tudo esteja clarificado, em cada dia que passa, percebemos que as pessoas sentem uma grande necessidade de alargar as feridas que já estão em processo de cicatrização, mas ainda muito dolorosas, causadas pelo desinteresse, pelo preconceito, pela falta de inclusão, pela violência física e psicológica e outros dilemas presentes na comunidade em que vivemos.
O respeito é uma qualidade, o amor e o cuidar são virtudes que Deus concede a cada um de nós.
Amar e cuidar do próximo vai muito para além do que podemos imaginar, e o valor que tem para as vidas das pessoas.
Podemos refletir sobre a forma como cuidamos das pessoas / do nosso próximo. Esse cuidado tem impacto nas gerações mais jovens, pois são o reflexo da educação que oferecemos às nossas crianças para que sejam pessoas empáticas e vinculadas no respeito por todos e pelas suas diferenças.
Ser enfermeiro(a) não é simplesmente ser bom profissional, é necessário procurar ser melhor a cada dia, sem a preocupação de obter o reconhecimento dos outros. Prestar os melhores cuidados aos outros, com a consciência que fizemos o melhor sem sermos perfeitos, é algo que deve estar presente nas nossas vidas.
Deus concede-nos graça e sabedoria para cuidar do próximo com qualidade. Alguns dos que são cuidados retribuem com amor, mas sabemos que nem todos o fazem, no entanto, devemos ser luz no meio da escuridão, transmitindo solidariedade perante uma sociedade indiferente aos valores, rude, apressada e objetiva, que tem transformado a humanidade em números.
É hora da mudança de atitude. É o momento de percebemos que ainda precisamos de limar algumas arestas que estão subtilmente camufladas nos nossos comportamentos. É a oportunidade que temos de nos colocar no lugar do outro e praticar a empatia e a compaixão.
Ao acreditarmos nestes princípios estamos a causar mudança em direção ao mundo que queremos viver e deixá-los para as futuras gerações.
É preciso ter consciência que todos nós podemos e devemos ser agentes de mudança nos contextos onde estamos inseridos.
Devemos fazer a diferença na sociedade, sendo o veículo e o exemplo para revelar o verdadeiro respeito pelas pessoas, demonstrando o verdadeiro amor e o verdadeiro cuidado. Desta forma estamos a contribuir para um mundo melhor não esquecendo que seremos agentes de mudança.
Preservar os bons valores e respeitar o próximo de forma empática são princípios a manter para influenciar os outros de forma positiva.
Dos maiores contributos que podemos dar à sociedade, sobretudo às pessoas próximas de nós são: criar vínculos; respeitar; amar e cuidar do outro de forma isenta. Estas são necessidades irredutíveis do ser humano.